24 de março de 1974. Essa data é inesquecível para muitos tubaronenses, mesmo eles querendo esquecer. A Cidade Azul se viu engolida por sua maior beleza natural, o Rio Tubarão. Estima-se em 199 mortos, milhares de desabrigados e um prejuízo financeiro incalculável. Tubarão foi devastada, mas viu que seu povo é guerreiro. Gente que sabe reconstruir. Gente que sabe se reconstruir.
Dois dias antes, em 22 de março, as chuvas da tarde foram mais intensas nos costões da serra, aumentando o volume dos rios e alagando as áreas baixas. No dia seguinte, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros se mobilizaram para socorrer a população dos bairros mais alagados. A Rádio Tubá informava e alertava a população. As escolas dispensaram os alunos. À tarde, a chuva caía forte e sem parar. Já havia muitos desabrigados. Várias pessoas estavam deixando suas casas, indo para lugares mais elevados, como o morro da Catedral.
Uma multidão espreitava nas margens do rio, que via seu nível subir rapidamente. Por volta das 18h daquele sábado, a ponte pênsil foi tragada e a partir daquele momento, o rio invadia o Centro. O bairro Oficinas e a margem esquerda foram tomados pela água, em níveis que chegavam a 1m de altura. O comandante do Exército proibiu a Rádio Tubá de dar notícias sobre a enchente, alegando que a emissora estaria promovendo sensacionalismo, transmitindo pânico à população. A população ficou desorientada e desinformada.
No dia 24 de março os bairros continuavam alagados, mas o nível do rio estava estabilizado. No fim da tarde a chuva voltou com a mesma intensidade da noite anterior. A noite de domingo foi dramática para os moradores das áreas pouco inundadas na noite anterior, que sentiram repentinamente a água invadindo suas casas e crescendo com forte correnteza. Muitos dormiam e acordaram com os pés na água. Muitos subiram para o telhado das suas casas. Às 9h da manhã a energia elétrica foi interrompida, os telefones já estavam mudos. A cidade ficou isolada. Ao clarear de segunda-feira, a chuva continuava intensa. Um único helicóptero fazia o trabalho de salvamento. Sobrevoava as casas, cujos telhados apareciam, e nos quais se agitavam, desesperadamente, panos de todas as cores. As residências no morro da catedral recebiam toda a espécie de flagelados em desespero.
No dia 27 de março o sol despertou radiante. As águas do rio começaram a baixar, deixando atrás de si uma camada de lama. As ruas surgiam com enormes buracos, entulhadas de lama, madeiras e restos dos destroços das casas demolidas.
Temporal de 2016
42 anos depois da maior tragédia da história, Tubarão se viu impotente perante a mais um desastre natural. Felizmente, não tão grave, porém grande o suficiente para causar prejuízos materiais e psicológicos. Casas foram destelhadas e empresas destruídas. 92 mil unidades ficaram sem energia elétrica. O vento chegou a 97 km/h. Uma menina de 7 anos morreu após árvores atingirem o carro em que estava, no bairro São João. O município decretou estado de emergência.
Povo que reconstrói
Estes dois tristes acontecimentos serão eternamente lembrados na história de Tubarão. Mas, se dá pra tirar algo positivo de tudo isso, esse algo chama-se tubaronense. Que em ambos os casos levantou a cabeça, limpou a lama e os destroços de suas casas e empresas e, com muito trabalho e força de vontade, reconstruiu a cidade. Somos uma cidade polo comercial, referência no esporte, rica em turismo e cultura, terra de grandes políticos. Olhar para trás e ver toda a história de Tubarão só nos dá vontade de continuar caminhando e contribuindo para que a Cidade Azul siga crescendo, se desenvolvendo e seguindo a sua vocação: de ser um lugar de gente feliz. O melhor lugar para se viver. Parabéns, Tubarão!