Eu já sei, flamenguista. Tu leu esse título e já está em vias de me detestar. Mas minha crítica não tem a ver com o Flamengo. Está direcionada a a uma bayernização e cristalização absoluta de uma hegemonia rubro-negra, coisa por mim já explicitada em coluna anterior, ou de qualquer outra cor, no Brasil, e tem fundamento.
Na Alemanha, a maior parte dos títulos é sempre vencida pelo Bayern de Munique. São raros os casos de outros clubes que façam frente aos bávaros. É questão de investimento. Quem tem mais dinheiro, vence mais. É a lógica do futebol moderno.
FUTEBOL NÃO PODE SER SÓ DINHEIRO.
Em Portugal, na França, na Escócia, na Grécia, e na Espanha sempre ganham os mesmos. Um, dois, e no máximo três. Raríssimas vezes um clube que não detém as maiores receitas é campeão de alguma coisa. E ISSO É RUIM! Esses campeonatos são chatos, previsíveis, insonsos.
No Brasil, mais do que qualquer outro futebol e campeonato do mundo (e este pobre colunista pesquisa muito campeonatos de todos os continentes), tem um fator maravilhoso: nunca houve hegemonias muito longevas, nunca houve dinastias clubísticas.
O Inter campeão de tudo que derrotou o campeão mundial São Paulo e um dos melhores clubes da história, o Barcelona de Ronaldinho, dos anos 2000 perdeu dois gauchões, um brasileiro legítimo, outro roubado e uma Copa do Brasil mesmo sendo um time maravilhoso, que fez dos campeões italianos, espanhóis e alemães uma filharada. O Palmeiras de 16-18 ganhou dois campeonatos brasileiros mas perdeu paulistas, Copas do Brasil e foi eliminado da libertadores. O próprio Flamengo histórico de 1981 foi eliminado pelo Botafogo nas quartas de final do brasileirão que o Grêmio foi campeão.
O São Paulo, o mais vencedor clube do país, nunca venceu uma Copa do Brasil e só venceu uma Sulamericana por WO. Além disso, não conquistou a Suruga (irrelevante mas ainda assim oficial FIFA).
Hegemonias totais são chatas. O Brasil tem a coisa mais especial do futebol que é a possibilidade de vários clubes sempre lutarem de igual para igual. Essa é a beleza do futebol. Boa parte pode vencer.
Essa lógica permite um Estado como o RS ter cinco libertadores e dois mundiais, mesmo tendo menos habitantes que a cidade de São Paulo, que tem 4 libertadores e quatro mundiais. É o que permite que o RS tenha mais libertadores que o Rio de Janeiro, berço do futebol arte brasileiro. É a lógica que permite que o Bahia tenha tantos brasileiros quanto o Gremio e o Botafogo.
Por isso o Flamengo precisa perder e a boa fase tem que terminar. Não à bayernização do futebol brasileiro. O futebol brasileiro precisa continuar plural. Nem vou entrar na importância dos outros clubes sulamericanos, como Olimpia, Peñarol, Nacional, River, Boca, Racing, e Independiente – estes que tem história internacional infinitamente superior a maior parte dos clubes brasileiros.
A fase do Flamengo tem que acabar.
Tubarão em desencanto
Não só este colunista, como grande parte do país, ficaram felicíssimos com a ascensão do Clube Atlético Tubarão nos últimos anos. Campanhas distintas, resultados marcantes (como em jogo treino contra o meu Inter, que rendeu flautas duradouras), reconhecimento nacional como exemplo de gestão de start-up e, também, a consolidação de uma das melhores barras-bravas do país. O Tubarão encantou o país e ensaiou um crescimento que acendeu o alerta nos oponentes mais próximos, como Hercílio Luz e Criciúma.
No entanto, hoje, o clube vem enfrentando dificuldades financeiras que põe em jogo, inclusive, a prática esportiva. Após o protesto dos jogadores em treinamento nesta semana, bem como manifestações de insatisfação e falta de pagamentos de funcionários que chegaram até o EXTRA.SC o que resta é a indignação deste colunista, que em nada se assemelha à dor que famílias estão sofrendo devido à falta de renda de proveitos devidos do clube.
Acredito e torço para que a equipe do Tubarão, frente aos profissionais de alta qualidade e profissionalismo que possuem em seus diferentes quadros, normalizem logo a situação para que o tricolor volte a figurar no noticiário como protagonista positivo e não por falta de pagamento de direitos básicos dos trabalhadores.
Nos próximos dias, o EXTRA.SC continuará cobrindo esta situação com seriedade.
Mas que tal….
Merecem reconhecimento três coisas do Tubarão Futsal. Além do resultado sobre o Intelli, na estreia da Laranjeiras Cup, a beleza dos uniformes apresentados durante a semana e, principalmente, o belíssimo trabalho da assessoria de imprensa do time. Se durante a pré-temporada já está nesse nível, imagina quando nós sediarmos a Taça Brasil e recebermos a Liga Nacional.
Hercílio sombra
Preocupa a falta de informações sobre a preparação, ainda que a assessoria de impressa foi procurada por este colunista, do Hercílio Luz Futebol Clube para a Série B do Catarinense e também outras competições nacionais. Um time bicampeão estadual e com uma história tão marcante merece sempre mais holofotes no noticiário diário.
1 Comentário
Não gosto de dar a entender que a vitória alheia me incomoda, porque isto não é verdade. Assim como eu, quero que meu time se inspire nós melhores. Mas, entendo tua posição e concordo com tua análise. Parabéns Bueno, pela clareza na avaliação.