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A enchente da incompetência, do oportunismo e da omissão

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A enchente da incompetência, do oportunismo e da omissão

Foto: Drones Sul

Dificilmente me deixo escrever levado pela emoção. É inevitável manter esse cuidado quando você tem a casa inundada. Mais difícil ainda quando as águas que tomaram toda a cidade começam a baixar, mas as que enchem a sua rua continuam subindo. Então aqui vai mais que uma opinião. É um desabafo.

Como agir se um instrumento instalado para fazer um serviço específico não funciona quando precisa ser ligado? Falta de manutenção? O equipamento é velho? De quem é a responsabilidade? A história de que “não existem culpados” não cola. Principalmente com equipamentos públicos. Se há uma falha, um erro, os culpados precisam ser apontados e, principalmente, punidos. Eles recebem para que as coisas funcionem. A gestão precisa parar de passar pano para os seus aliados. “A Grande Família” também erra.

Outro ponto: Tubarão não possui um plano de contingência público. Os documentos que existem são restritos, vagos e poucas pessoas conhecem. Também não há um plano de evacuação. E essa culpa é de uma sequência de administrações e prefeitos. “Seminário da Enchente de 74”. Para que serve? Só pra quem gosta de reunião. Não há atuação prática, não há prevenção. É uma BOBAGEM! Quem o faz vai criar agora o “Seminário da Enchente de 2022”?

Reconheço o esforço dos gestores municipais, mas não fizeram mais do que a obrigação ao “não dormir por 72 horas” – nós do EXTRA.SC também não dormimos. Dizer em entrevista que “as pessoas sabem quando as suas regiões alagam” é falho. É omisso. É irresponsável. O município precisava deixar isso claro. A Defesa Civil não pode esconder informações. As pessoas precisam saber com clareza que “com quatro metros, alaga no bairro X, com cinco, no bairro Y”. E precisam ser alertadas, ajudadas, acolhidas. As pessoas precisam de INFORMAÇÃO e TRANSPARÊNCIA. O que, como em quase tudo que envolve essa gestão, falta.

Vimos nestes dias também uma enxurrada de oportunismo. Políticos de todos os tipos, lados e esferas usando a tragédia, aproveitando da desgraça alheia para aparecer, fazer selfie, se promover. Gentinha da pior espécie que existe na vida pública para sugar quando, a premissa de um político, é contribuir.

E a Polícia Penal e o DAP? Que tentaram esconder a fuga de 13 detentos do Presídio Regional? Informaram errado, omitiram informações, não responderam aos questionamentos da imprensa. Como podem 13 DETENTOS ESCAPAREM? As informações extraoficiais sobre como a fuga aconteceu são assustadoras. Elas serão apuradas e se confirmadas, os responsáveis por mais essa negligência também precisam ser encontrados.

Pra fechar, essa eu vivi: sala de controle da Defesa Civil, quarta-feira (4), 23 horas. Prefeito Joares Ponticelli é convocado às pressas para uma reunião de emergência. Um policial penal era, em vão, incubido de fechar a porta para não ouvirmos a conversa – lembrando que, enquanto isso, 13 detentos fugiam. Escutamos toda a tragédia sendo anunciada pelos técnicos. Na sala, entrava gente de todo o tipo: assessor, cônjuge de assessor, motorista, departamento da cultura, papagaio, cachorro. A imprensa, não. Quando a reunião acabou, ao invés do comitê de segurança usar os meios oficiais e os jornalistas para se comunicar com a população, cada um daquela sala se transformou em profeta do Apocalipse. Era áudio de um lado, mensagens de outro, meia dúzia de lives no Instagram. Se o município repudiou a disseminação de fake news, o comitê contribuiu para que elas ganhassem força. No desespero, como alguém vai distinguir o áudio de uma autoridade com o de um mentiroso?

Como não adianta chorar pelo LEITO derramado, o que aconteceu deve servir de lição. Nossas autoridades precisam agir para evitar ou, pelo menos, atenuar situações como esta. Na teoria, a cada 10 ou 12 anos, enfrentamos um problema assim. Não é admissível que se empurre de barriga, como com o caso da passarela de concreto, que deu choque no Natal e, cinco meses depois continua com o problema. Esqueçam seminários. Promovam SOLUÇÕES. Orientem, invistam, avisem. Muita gente perdeu tudo. Salvariam alguma coisa? Talvez. Mas o poder público não pode ficar no talvez. Precisa fazer. E, também, nesse caso, cortar quem não o faz. Por que quem acoberta um erro, se torna cúmplice.

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Comentários

3 Comentários

  1. Samuel Silva disse:

    Parabéns pela matéria. Falou tudo.
    Moro a 22 anos no bairro Dehon,
    sei exatamente o momento de ligar a
    Bomba de drenagem. Os moradores
    Daqui sabem como funciona, só que
    a bomba precisa estar em dia com suas
    Manutenção e não abandonada a 4 anos
    Como estava. Crime…
    O que eles fizeram
    No bairro, não foi incompetência, foi
    CRIME.

  2. José Saulo disse:

    Precisamos RENOVAR todas lideranças em nossa região.
    É um agrupamento de aproveitadores no uso do erário público

  3. leo disse:

    sem contar a evania freta, mau projetada.

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