Vivemos em uma terra de contradições. Um lugar rico com muitos pobres. De um povo acolhedor mas constantemente passado para trás. E de homens públicos que não aceitam ser cobrados por quem lhes dá os seus empregos: o povo.

Enfrentar essa utopia cansa, desgasta, corrói. Ser um beija-flor tentando cessar um incêndio de egos inflados é devastador. Você enfrenta olhos desconfiados, mensagens pouco carinhosas e boicotes explícitos. Não é incomum estar na pele de João Batista, aquele que teve a sua cabeça entregue em uma bandeja.

Chegou a hora de parar. Reutilizando um termo que já coloquei por aqui, é difícil construir uma ponte séria entre a liberdade de expressão e a sobrevivência, quando se está em uma terra de coronéis fantasiados de bonachões. Tão distantes das togas em Brasília mas tão próximos à censura, à articulação em benefício próprio e em detrimento alheio, ao conchavo e à artimanha.

Nessa temporada de quase 5 anos, apontei a omissão no tratamento da enchente que assolou Tubarão em maio último; informei em primeira mão sobre nomeações e exonerações em diversos cargos e esferas; alertei para o castigo eminente da vereadora que votou contra os seus “superiores”; contestei as festinhas frequentadas por um secretário de Segurança durante a pandemia; ponderei sobre o retorno de uma influente família às decisões da gestão municipal; questionei sobre a venda da Unisul, os dito “conchavos” entre diferentes poderes, os gastos desnecessários de um ex-presidente da Câmara; e analisei filiações, candidaturas, rixas partidárias, brigas políticas, indicações, contratações, obras e gastos públicos… ufa!

Foram 286 postagens e quase 100 mil acessos. Alguns chegaram a dizer que este espaço não era lido. Outra contradição. Se fossem apenas “meia dúzia de leitores”, certamente minhas análises não incomodariam tanto.

O blog sai de cena. Vou cuidar da minha saúde, dos meus negócios e do meu bolso. Mas o EXTRA.SC continua no ar. Com a credibilidade do único veículo de comunicação da Amurel, na história, a realizar um debate entre todos os principais candidatos a governador de Santa Catarina. Mesmo remando contra e enfrentando narizes retorcidos, de várias formas escrevemos nossa marca na história. E isso, nenhum “coronel bonachão” vai conseguir apagar.