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A COVID-19 retirou a graxa dos negócios

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A COVID-19 retirou a graxa dos negócios

Imagine uma engrenagem que trabalha sempre circulando, sem parar. Ela precisa sempre, além de estar ajustada, de possuir certa quantidade de graxa. O capital de giro é exatamente isso, a graxa de seu negócio. Ele é o elemento que faz a máquina fluir e não parar já no meio da volta. Ele ajuda a completar esse giro.

Vamos tentar explicar de forma mais prática. As empresas, nos seus processos normais, geralmente efetuam pagamentos das matérias-primas ou de atividades necessárias para produzir seus produtos e/ou serviços. Elas então financiam seus clientes em um prazo que se inicia na compra, produção, estoque, venda e finalizando no recebimento. Perceba que existe um gap, uma lacuna que se precisa ter dinheiro para o pagamento de funcionários, impostos e custos do negócio. Nesse gap ela usa o capital de giro, a graxa para a engrenagem não parar. O exemplo que citamos é chamado do ciclo do capital de giro.

No popular, a empresa coloca dinheiro na frente e só depois lá no final que ela recebe o dinheiro que antecipou. O ciclo depende da atividade, da velocidade produtiva da empresa, do crédito concedido aos clientes e, claro, dos pagamentos destes clientes. A proposta é de movimentar rapidamente esse dinheiro do capital de giro, para poder atender as demandas futuras de um novo ciclo.

Saindo da oficina e indo para a cozinha, a acidez do vinagre é combatida pelo uso de óleo ou azeite, assim, em uma salada, usamos esse dois elementos para dar o equilíbrio necessário e destacar o sabor dos alimentos. Nas empresas é exatamente igual. Para combater as demandas de recursos as empresas calculam a quantidade necessária de azeite, tendo somente o necessário para aquele gap (tempo) que não terá entrada de recursos. Se ela calcula mal esse tempo, ou acontece algo inesperado, terá de procurar outras fontes de recursos e aí terá de buscar empréstimos, vender ativos ou antecipar receitas para equilibrar o ciclo.

Os empresários, na busca do valor ideal de capital de giro, precisam ter controles financeiros ajustados. A partir destes, devem calcular e encontrar alguns prazos e custos. Os prazos seriam: prazo médio de pagamentos, prazo médio de recebimento e prazo médio de estocagem. Já os custos, são de dois tipos: custos fixos mensais e os prováveis custos variáveis das vendas de produtos e serviços. Saber isso é uma grande vitória, pois eles saberão o montante de dinheiro que deve ser injetado na empresa para fazer a engrenagem girar.

Consultorias e departamentos financeiros de várias empresas no mundo fazem estudos para diminuir o ciclo e com isso diminuir também as necessidades de capital de giro. A proposta é que as empresas possam operar dentro de certos limites de tempo, no extremo para evitar buscar dinheiro fora no mercado, se for buscar será somente o necessário.

Outras empresas trabalham como pouco capital de giro, em função de margens de lucro muitos apertadas pela concorrência e segmento ou em função de uma engrenagem pouco ajustada na gestão. Errar neste cálculo pode trazer um desequilíbrio financeiro. Agora, parar totalmente o giro pode ser fatal. E, foi isso que trouxe a COVID-19.
A Covid-19 retirou a graxa necessária dos negócios. O tal Corona vírus afastou de uma vez o lubrificante das máquinas, e agora elas não conseguem completar um ciclo completo financeiro. Sim, algo inesperado mundo afora cortou o ciclo financeiro e com isso toda economia recuou.

As empresas não têm capital de giro para aguentar mais trinta ou sessenta dias, pois estaríamos falando de vários ciclos cortados ao meio. Ciclo sem entrada de novos recursos e somente com valores a pagar.

A Covid-19 trouxe uma avalanche de cancelamentos de pedidos de produtos. E, pior, muitas vezes o dinheiro ficou na mão do cliente, pelo crédito oferecido na hora da venda. A empresa já entregou seu produto ao cliente ou já realizou o serviço e agora na hora de receber, leva um não direto ou não por enquanto. A Covid-19 acarretou ainda prorrogações de pagamentos, necessidade de renegociação dos contratos, nos trouxe também o que o mercado menos gosta, o aumento do risco e da incerteza. E, para muitos empresários ela ocasionou os efeitos colaterais da insônia e estresse. Com isso tudo, muitas empresas podem ir parar na UTI, só que sem o respirador. Administre seu negócio.

 

Dica de Livro:

O Lado Difícil das Situações Difíceis (“The Hard Thing about Hard Things”) – Ben Horowitz

Em “O Lado Difícil das Situações Difíceis – Como Construir Um Negócio Quando Não Existem Respostas Prontas”, Ben Horowitz, conta a história de como ele mesmo fundou, dirigiu, vendeu, comprou, geriu e investiu em empresas de tecnologia, oferecendo conselhos essenciais. É um livro realista, que mostra o outro lado do empreendedorismo que não somente o da boa parte do negócio.

HOROWITZ, Ben. O Lado difícil das situações difíceis: como construir um negócio quando não existem respostas prontas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.

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