Numa tentativa desesperada de se manter imune à investigação jornalística sobre a compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) fez um inaceitável desabafo a um grupo de líderes empresariais, nesta sexta-feira (8), ao criticar a cobertura realizada pela imprensa catarinense no caso. O ex-comandante do Corpo de Bombeiros chegou a pedir para que os interlocutores pressionassem os meios de comunicação usando a condição de anunciantes para, nas palavras dele, dar “um recado muito claro de um jornalismo decente que tem que ser praticado, responsabilizar esses veículos”.
O EXTRA.SC teve acesso ao vídeo desta transmissão, realizada pelo Lide, grupo de líderes empresariais criado por João Dória Jr. (PSDB), governador de São Paulo (assista acima).
Quatro importantes entidades que representam veículos de comunicação e jornalistas do país se manifestaram contra a fala do governador catarinense.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo considerou inaceitável a tentativa de Moisés de cercear a liberdade de imprensa através de pressão econômica. “Fiscalizar o uso de recursos públicos é uma das principais funções do jornalismo”, ressaltou, em publicação nas redes sociais.
A Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão também repudiou o discurso do comandante. “A Acaert considera que esse tipo de manifestação demonstra, por parte do governante, um total desconhecimento do papel da imprensa, que tem a obrigação de divulgar toda e qualquer informação que for de interesse público e para o bem da sociedade”.
Em nota, a Associação Catarinense de Imprensa disse que “mandar a imprensa ‘calar a boca’ não é apenas desrespeitoso, mas também antidemocrático”.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão também manifestou repudio ao pedido de Moisés.