Nos anos 80 eu e meu irmão éramos sócios da editora “Círculo do Livro”. Ela realizava vendas livros por sistema chamado de clube. Mensalmente comprávamos livros por meio de um catálogo, era necessário adquirir, senão saía do clube de compras. Assim, adquirimos o livro “O Oriente é Vermelho” de Humberto Braga, este livro trazia informações sobre aspectos culturais, sociais e políticos da China e também uma análise do povo chinês e sua vida em sociedade. Ficamos bastante curiosos sobre a vida e cultura do povo. Não entendíamos como um país tão grande e com tanta gente, tinha pouca representatividade na economia mundial.
Bom, naquela época em 1980, a produção industrial no Brasil era maior do que a da Tailândia, Malásia, Coreia do Sul, Índia e China todas juntas. Trinta anos depois, só representava apenas 10% do total produzido por esses países (BBC News, 2012). Vamos pegar a China como exemplo, um país que tem um modelo rural e industrial juntos. Em 2001 o Produto Interno Bruto brasileiro foi de US$ 655 bilhões e o da China de US$ 1.221 trilhões, o dobro do nosso. Em 2017 o nosso PIB foi de US$ 2.056 trilhões e da China de US$ 12.238 trilhões se comparados, ou seja, a economia deles foi quase seis vezes maior que a nossa, isso em apenas 16 anos.
Quatro países também da Ásia (Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan) chamados pelo termo de Tigres Asiáticos, alcançaram um desenvolvimento industrial e econômico muito veloz em poucos anos, muito em razão da agressividade administrativa e pelos elevados investimentos em educação e qualificação profissional. A Coreia do Sul por exemplo, está na décima terceira posição no PIB mundial e, a Índia que também pertencente à Ásia, mas na parte meridional está na nona colocação, atrás do Brasil que é a sétima economia mundial.
Na Administração temos o termo benchmark, que significa um padrão ou ponto de referência entre produtos, produtividade, serviços e processos. Indica um referencial de liderança e tem como objetivo principal descobrir como empresas líderes realizam alguma coisa e tentar imitar ou superar o desempenho dessas empresas, sendo elas concorrentes do mesmo segmento ou não (LACOMBE;HEILBORN,2008).
O processo que usa esse padrão ou referência é chamado de benchmarking, mas ele não é uma cópia. A ideia é saber como é feito e principalmente por que é realizado. Procura atingir resultados melhores ou iguais aos que deram certo, mas de maneira constante e sistemática. Assim, é um processo que procura a implementação das melhores práticas, o modelo das líderes.
Mas o que temos de aprender com os asiáticos? Principalmente níveis de investimento em educação, pesquisa, inovação e ter indutores para retomar industrialização, esse seria o benchmark do Brasil.
Ter somente uma economia focada em commodities (produtos de origem primária) traz consequências internas e externas nos preços, pois eles são calculados pelo seu valor de mercado e não pelo valor de sua produção. Para se ter uma ideia, de acordo com Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, o Brasil vem nos últimos anos apresentando retrocesso na indústria (chamada desindustrialização). Nos anos 1970 a indústria apresentava uma participação das manufaturas na geração de emprego e valor agregado, que correspondia a 27,4%, hoje a participação da indústria está em torno de 10,9%. Temos de aprender e buscar níveis de desempenho superiores, implementar práticas inovadoras e transformadoras, fazer benchmark que possa nos guiar ao crescimento. Administre seu negócio.
Dica de livro
O verdadeiro Poder – Vicente Falconi.
O livro relata, por meio de cases e exemplos onde o autor esteve diretamente envolvido, todas as questões importantes para que uma empresa ou projeto possa se desenvolver e crescer. O texto esclarece quais são os pontos de sucesso que estão por trás do crescimento saudável e do saneamento de grandes empresas e instituições governamentais.
FALCONI, Vicente. O verdadeiro Poder: práticas de gestão que conduzem a resultados revolucionários. 2 ed. Nova Lima: Editora Falconi, 2013.