Uma Ação Popular foi impetrada pelo psicólogo Felipe Deodato Pereira, contra a Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina e sete dirigentes, ex-dirigentes e ex-reitores da instituição. O documento foi encaminhado à Promotoria da Moralidade Pública, que decidirá se acata ou não a denúncia.

O advogado Léo Rosa de Andrade. Foto: Reprodução
Para a Rádio Cidade, o advogado Leo Rosa de Andrade, responsável por protocolar o processo, explicou o motivo da ação. “Existe uma Fundação Unisul, criada pelo município de Tubarão, pública, que administra e mantém uma universidade, que é pública porque pertence a uma fundação pública, que pertence ao município. Os gerentes atuais e alguns antecessores quebraram, endividaram. […] Estão assustados com as próprias consequências da administração e querem vender pra se livrar da coisa e dane-se Tubarão“.
Felipe é ex-aluno da universidade. Para o Jornal Notisul, ele explicou que desde que iniciou o curso, em 2010, tinha conhecimento de problemas financeiros enfrentados pela instituição. Ele disse que na época da sua formatura, começaram as informações sobre a possível venda da universidade. “Não via cabimento executar este tipo de negociação, já que se trata da venda de uma entidade pública municipal e, partindo daí, já é ilegal”.
Segundo Andrade, ainda para a Rádio Cidade, o objetivo da ação é mais que tentar proibir a venda da instituição. “Primeiro, há um pedido de liminar. Segundo, a Unisul foi dividida em duas. […] Aqui, eles separaram um CNPJ só, mas duas coisas. Tiraram o poder do reitor, transferiram tudo para a fundação e o reitor é um obediente ao presidente da fundação, sem mais poderes de fazer as coisas que um reitor faz. Então, [o objetivo é] restabelecer a Unisul que ficou 50 anos crescendo”, explicou.
Ao Notisul, Léo Rosa denuncia ainda a criação de uma espécie de previdência privada que, segundo ele, beneficia um seleto grupo de colaboradores e põe em risco o setor contábil da fundação. “Trata-se de uma manobra ilegal para sustentar aposentadorias de, dentre outros, ex-dirigentes. Ainda grave, quando instituído, alguns dos ex-dirigentes nem estavam mais na Unisul. Não obstante, estão sendo beneficiados”, acusa o advogado.
▫
Resposta da Unisul

Foto: Divulgação
Em nota, a Universidade do Sul de Santa Catarina voltou a afirmar que nunca cogitou a venda do patrimônio da fundação. “A Unisul nunca escondeu que enfrenta dificuldades, inerentes, principalmente, à situação econômico-financeira da Nação e do mercado educacional, e que está viabilizando parcerias que se comprometam com a sua recuperação financeira e com a modernização de uma universidade que já tem conceito cinco no MEC e que se destaca pela sua competência social”.
A assessoria de comunicação da Unisul, ainda em nota, desmerece a Ação Popular protocolada. “Por se notabilizar como uma das maiores organizações da região, a Unisul acaba sendo usada em ações e informações descomprometidas com o esforço da sua comunidade de energizá-la, revitalizando-a para que ela continue com a tenacidade com que ajudou a fomentar o desenvolvimento social e econômico da região, principalmente de Tubarão“.
No texto, encaminhado à imprensa, a universidade diz que só irá responder aos questionamentos quando o conteúdo integral da ação chegar ao conhecimento de sua Assessoria Jurídica. “A Unisul apela à sociedade no sentido de evitar a utilização do seu nome em tentativas de retaliações, ataques impensados, para que os esforços destinados a encontrar parcerias ideais não sejam atropelados, a ponto de prejudicar a própria comunidade”.
▫
Dúvida na Câmara de Vereadores
Ainda na nota, recebida por esta reportagem, a Unisul diz que o Ministério Público, prefeitura, Câmara de Vereadores e outros órgãos têm acompanhado seu trabalho. Não é o que disseram três vereadores na última sessão do legislativo.
Conforme reportagem publicada pelo EXTRA, ambos políticos criticaram a instituição pelo não fornecimento de documentos e pela falta de transparência para com o legislativo da cidade. “A resposta dada pela fundação é um desrespeito a essa casa. É atribuição dessa casa fiscalizar as entidades da administração pública direta e indireta deste município, como a Unisul, constituída com patrimônio público”, reclamou na tribuna Alexandre Moraes (PSD), líder do governo na Câmara.