Filtrar por cidade:
Conecte-se conosco

OPINIÃO: O momento é de cobrar!

Leitor do EXTRA.SC

OPINIÃO: O momento é de cobrar!

Por JOÃO MARCELO FRETTA ZAPPELINI, advogado

Participei ativamente da campanha para prefeito em 2016. Algumas circunstâncias, que não vêm ao caso, colocaram-me na linha de frente do embate.

Era adversário da atual administração. Sim, perdemos e de forma arrebatadora.

Os motivos daquela derrota, tão dolorida, são até hoje enumerados por amigos que também viveram àquela disputa. Citam inúmeros.

Para mim, no entanto, o mais relevante foi ter enfrentado uma equipe profissional. Parecíamos um time amador jogando contra um gigante da séria A.

Não é a primeira vez que reconheço essa diferença, já havia comentado com amigos mais próximos e por acreditar que mesmo estando do outro lado da trincheira consegui manter a racionalidade, reconhecendo as qualidades dos adversários, permito-me, então, fazer esse artigo crítico a atual gestão.

RESSALTO: de forma impessoal, apenas com olhar de cidadão e não de adversário.

Após alguns dias do pleito, já resignado, comentei com a minha esposa: “Tudo bem, vai ser bom pra cidade. Eles sabem o que fazer”.

A montagem da equipe de governo agradava a todos. Alguns nomes – muitos até meus amigos – são, reconhecidamente, de extrema capacidade técnica e estavam nomeados para pastas chaves da administração.

Foi um excelente início.

A seguir, fomos brindados com o lançamento de um plano que pensava a cidade para as próximas décadas e era exatamente o que se esperava de pessoas que entendiam a necessidade de nos organizarmos.

As perspectivas eram as melhores.

O aumento acima do aceitável da taxa de lixo, ainda no início do mandato, soou mal, mas foi absorvido facilmente pela população. Afinal, o contrato necessitava de uma readequação, disseram.

A parte política vinha sendo bem feita. As visitas aos gabinetes do Estado e do Governo Federal se sucediam e as perspectivas de que seríamos agraciados com recursos relevantes nos enchia de sonhos.

Sonhos esses materializados nas promessas de campanha.

Uma nova ponte. A mudança da prefeitura para o bairro Oficinas. Planejamento para o trânsito. Uma nova licitação para o transporte público. Bairros do interior assistidos e tantas outras promessas que acreditamos, na época, serem perfeitamente factíveis.

Dentre tantas, uma me seduzia. Cheguei a escrever e publicar um artigo destacando que o prefeito que olhasse para o rio e deixasse os traumas de 1974 para trás seria para sempre reconhecido.

Não tenho dúvidas de que se trata da nossa principal riqueza, nossa mudança de patamar.

O ex prefeito Olávio já havia dado início a revitalização. O festejado Parque linear. Era natural que tivesse continuidade, porém…

O tempo foi passando. Terminara, então, o primeiro ano de mandato e era natural que não se ouvisse críticas mais contundentes. Reconhecia-se que era o tempo necessário para colocar a casa em ordem. Teríamos novidades dali pra frente. Confiávamos.

Contudo, as promessas iam se esvaindo e tornava-se evidente o crescimento de manobras políticas nos bastidores. Era/é interessante que as coisas se mantivessem em tons amenos.

Não percebia-se na câmara de vereadores (em minúsculas mesmo) uma oposição que pudesse ser a voz dos insatisfeitos.

Dois ou três solitários edis questionavam alguns atos sem, contudo, encontrarem robustez em seus trabalhos. Estávamos a mercê do oficialismo.

Já não era mais segredo que alguns destes vereadores, antes adversários do prefeito, conseguiram emplacar nomes em cargos irrelevantes da administração.

Era o que faltava para que aquela frágil oposição sumisse por completo. No lugar dela, subserviência.

Os anos passaram.

As principais promessas sequer saíram do papel e, surpreendentemente, ainda se vislumbra uma angustiante condescendência na grande maioria da mídia local.

As cobranças são ínfimas.

Um exemplo claro foi a transferência de responsabilidade que o Prefeito prolatou dias atrás.

Ao ser questionado sobre a demora na conclusão de algumas obras, destacou não ter recebido um tostão sequer do governo estadual no último ano.

Falava dos valores restantes do convênio firmado ente prefeitura e governo do Estado.

Eram generosos 20 milhões, dos quais, “apenas” 11 haviam sido depositados.

Reclamava dos outros 9.

E assim foi passado, via imprensa, para grande parte da população. O vilão era o Governo do Estado.

Não me convenci. Após poucas ligações, soube que a principal razão da não transferência desses valores – os últimos 9 milhões – era de que a prefeitura de Tubarão ainda não havia prestado contas daqueles 11 milhões já repassados.

Disseram, os técnicos do Estado, de que o prefeito fora instado algumas vezes para que apresentasse as tais prestações de contas e, assim, pudesse receber o restante do valor.

A informação, confirmada por quem comandava a extinta ADR, é de que pelo menos até o dia 31 de dezembro de 2018 o quadro permanecia o mesmo.

11 milhões de reais, convenhamos, é muito dinheiro. Urge a pergunta: Onde e como foram investidos?

Ninguém ousa dizer que politicamente não há um excelente trabalho sendo realizado, mas isso só interessa a quem quer vencer a próxima eleição.

Para a cidade, tais influências se mostraram, até aqui, inócuas. E, enquanto isso, lá se foram mais 3 anos sem que houvesse qualquer mudança concreta.

Sem ponte, sem beira rio urbanizada, trânsito caótico, aumento de IPTU, da taxa de lixo, da COSIP, máquina pública extremamente inchada (nunca se gastou tanto com terceirizados)…

Nossos sonhos foram mais uma vez adiados e nos resta refletir sobre até quando suportaremos.

Deixo aqui um pedido: se não temos na casa do povo alguém para nos representar como gostaríamos, conclamo a imprensa para assumir esse papel ou, quem sabe, a autoridade judicial competente para que cobre as promessas não cumpridas.

Essa leniência, em um futuro próximo, não fará bem a ninguém.

 


Os artigos publicados nessa seção não representam, necessariamente, a opinião do EXTRA. Se você deseja publicar seu artigo aqui, mande um e-mail para redacao@extra.sc.

(Visited 18 times, 1 visits today)

Comentários

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

LEIA TAMBÉM

HASHTAGS

To Top
To Top